terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Teatro Educação Infantil Escola Vinícius de Moraes


Jeito de criança

Teatro na Educação Infantil


Teatro na educação
Brincar com crianças não é perder tempo, é ganha-lo, se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. ( Carlos Drummond de Andrade)
Piaget cita que a criança inicialmente aprende a imitar, imaginando e recriando contextos da forma como absorveu as cenas do cotidiano. Expressando emoções em forma de brincadeiras com outras crianças e com bonecas, representando estórias e contos que um dia ouviu. Ao interpretar em suas brincadeiras, vai criando improvisadamente um pequeno teatro.
“Jogos de imaginação, tendo como subclasses as metamorfoses de objetos, as vivificações de brinquedos, as criações de brinquedos, as criações de brinquedos imaginários, as transformações de personagens e a representação em ato de estórias e contos” (PIAGET, pág. 141, 2009).
Para fundamentar nosso estudo, realizamos uma entrevista com o Prof. Luiz Fernando, professor de teatro da creche Fiocruz; formado pela UNIRIO em Artes Cênicas e mestre pela PUC Rio em Educação Infantil; e uma das perguntas feitas foi justamente, “Porque as aulas de teatro não são valorizadas? Primeiramente a resposta dele foi com uma outra pergunta: “A arte para a educação brasileira é o que? E ele mesmo respondeu: desenhar.” O desenho é na verdade a principal atividade de artes nas escolas seja em qualquer segmento. Será que é mas fácil? Ou será que os professores não estão capacitados?
E então perguntei, o que seria para ele (Fernando) teatro para crianças:
“Na escola é a possibilidade da criança conhecer o mundo através da sensibilidade. Através da expressividade, da narrativa que é apresentada, através do jogo, da experimentação com outros personagens, de aprender a vida através da visão que outros personagens podem te dar, se colocar no lugar do outro. Mas basicamente uma aquisição de conhecimento sensível. É uma formação humanista, uma formação que vai exigir da criança e do profissional uma visão não mercantilista, não comercial, não conservadora, porque quando você vai fazer teatro você tem que ter uma visão mais ligada ao sentimento, aos afetos, ao que a criança tem a oferecer. Ao prazer, ao lúdico.
A essas coisas todas, diferente do que a escola quer.” (Luiz Fernando)
Pelas palavras do professor, vimos que trabalhar arte na escola não é apenas dar um papel, caneta e tinta para criança, pois podemos trabalhar com elas usando a imaginação, no qual o teatro nos dá esta possiblidade. Ao fazer teatro a criança ganha muito com o sentido de grupo, aprendendo a observar, sendo que no começo copiam e depois passam a criar. É um
processo em grupo, porém o tempo é individual. A idéia é de incluir, inserir, e que todos se desenvolvam, sabendo que alguns desenvolverão mais rápidos e outros ao longo do tempo.
De acordo com o Referencial Curricular da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.27, v.01):
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.
Quando a criança brinca, ela vivencia a realidade e para ela naquele momento, toda a imaginação não é só uma brincadeira. Trabalhar teatro para crianças não é brincar com elas; mas não se deve separar, dizendo: “agora é hora de brincar”, pois ela mesma percebe, o que é brincadeira e o que não é, e quando o assunto é a imaginação a criança leva bem a sério. De acordo como foi dito por Luiz Fernando: Não. Não é lazer. Você tem que favorecer a brincadeira da criança. Não é “pedagogizar” a aula, está ligada a educação e a pedagogia, mas não é lazer no sentido que é uma festinha, para passar o tempo da criança e para entreter; não. É uma coisa pensada, trabalhada com conhecimento, com fundamentação teórica, uma coisa mais séria nesse sentido.
O objetivo do teatro na escola é diferente que o teatro fora dela, pois não está centrado na formação de público, porém pode contribuir para uma plateia crítica, mas para isso, é necessário realizar um trabalho antes e outro depois da ida ao teatro ou da apresentação na escola. O grande problema é que se vê o teatro na escola como mera representação de peças em datas comemorativas, o aluno decora o texto e repete, não havendo nenhuma autonomia, ou seja, esse teatro promove o exibicionismo e pode constranger os mais tímidos. (Mourão)
Perguntei para Fernando, Se é verdade que o teatro ajuda a desinibir as crianças tímidas? Para ele: Não só as tímidas. Eu acho que é um processo para todos mesmo as não tímidas. Porque a criança pode ser tímida e ela pode dançar. As crianças tímidas são só diferentes, nem maior nem menor, nem melhor nem pior, são só diferentes. A não ser que a criança tenha algum comprometimento, não só para o teatro, como para tudo vai ter aquele comprometimento; aí são outras questões que deveriam ser trabalhadas.
O nosso trabalho é na perspectiva do professor de teatro, sua formação, seu trabalho. A preocupação nessa área de artes é a dificuldade de encontrar um profissional das duas áreas, ou seja, o ator nem sempre é um professor e o professor, principalmente o pedagogo, não se capacita na área de artes.

Para Fernando: “Não só teatro, mas toda a área de artes tem este problema.” Ele diz que “o aluno de pedagogia tem as mesmas deficiências de todo povo brasileiro, não conhece. Não tem habito, não vai.” E acrescenta “que o professor de teatro deveria ter conhecimento de didática, pedagogia. Se não é uma faculdade de teatro, de dança, de desenho. Esse profissional que lida com a arte tem que ter algumas noções da pedagogia para poder também compreender como ele planeja uma aula, como ele vai transmitir aqueles conceitos, como é que ele não deve fazer, como ele deve fazer, jogar fora o que não presta para arte dele.”
Para o professor de educação infantil, pedagogo, deveria haver uma maior capacitação na área de artes, pois este professor precisa liberar seu corpo e sua timidez, para que possa também liberar os corpinhos das crianças e assim dar movimento e como disse Fernando: “O objetivo é desenvolver a criança em linguagens sensíveis. Para que ela compreenda esse mundo, para que ela aprenda a pensar, aprenda a se expressar, tenha coragem de desenvolver a sua própria linguagem, que ela não tenha medo de dizer o que ela pensa, que ela possa discutir os assuntos que as escolas colocam para elas.”
Existem Facilidades e dificuldades em se trabalhar teatro com as crianças, as facilidades é a interação com a criança e acaba descobrindo coisas interessantes que você nunca tinha feito; naquele mesmo exercício que você traz todo ano, uma criança traz uma nova visão. A dificuldade é a criança não entender, não querer, ou não ser possível desenvolvê-la no ritmo das outras. (FERNANDO)
Mas temos que compreender que a criança ela é única, que ela não tem obrigação de fazer e que ela não deve ser avaliada porque não faz. “Porque está no currículo mas não é para ser tratado como uma matéria que vale uma nota. Eu faço até uma avaliação, mas uma avaliação geral, da turma, do grupo, eu conto o que eu fiz. Eu não digo “fulano fez, fulano não fez”.” (FERNANDO).

PAZ, Camila Ingrid. TEATRO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. disponível em ˂http://www.slideshare.net/compartilhamos/teatro-na-educaoinfantilcamilapaz˃ Acesso em 18/12/2012.